Não vá o diabo tecê-las! A Tapeçaria em diálogo a partir da coleção Millennium bcp

Com curadoria de Rita Maia Gomes, inaugurou no dia 26 de setembro, no Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, numa colaboração entre a Lisboa Cultura e a Fundação Millennium bcp.

A Fundação Millennium bcp apresenta uma exposição sem precedentes sobre Tapeçaria, proporcionando uma viagem sedutora e surpreendente pelo universo da tapeçaria portuguesa. São 86 obras, 27 artistas, e mais de 50 documentos numa abordagem expositiva inédita que pretende assinalar figuras de referência, instituições e acontecimentos que constituem marcos importantes da história da tapeçaria portuguesa a partir de 1946.

No piso 0estará em destaque a Coleção Millennium bcp que possui um conjunto notável de tapeçarias produzidas pela Manufactura de Tapeçarias de Portalegre. O visitante poderá, assim, conhecer a qualidade do trabalho da manufatura, contemplando tapeçarias produzidas a partir de originais dos artistas: António da Costa Pinheiro, Artur do Cruzeiro Seixas, Graça Morais, Lourdes Castro, Luís Pinto-Coelho, Manuel Cargaleiro, Maria Helena Vieira da Silva, José de Almada Negreiros, José de Guimarães, Júlio Resende, Júlio Pomar.

A exposição será uma excelente oportunidade para se conhecer o ex-líbris da coleção de tapeçarias do Millennium bcp – uma obra de Guilherme Camarinha, peça única de 1961, que foi recentemente limpa e restaurada e que poderá agora ser apreciada em todo o seu esplendor.

Paralelamente ao trabalho desenvolvido e à notoriedade alcançada pela Manufactura de Tapeçarias de Portalegre ao longo dos seus 78 anos de atividade, a tapeçaria foi-se afirmando por outro caminho, e que é dado a conhecer no Piso 1recorrendo-se a obras provenientes de instituições, coleções particulares e espólios de artistas. A narrativa expositiva ilustra e documenta as pesquisas e as experiências de artistas que se interessaram por explorar as potencialidades plásticas da tapeçaria – que deixa de ser exclusivamente a transposição de uma pintura, caminhando para uma tapeçaria de autor em que o artista é simultaneamente aquele que concebe e que executa. Uma tapeçaria que se expande em termos de técnicas, de materiais e de possibilidades de presença espacial não estando condicionada à parede e ao registo bidimensional.

Do final da década de 1940 até à atualidade, este historial será ancorado em obras de: Altina Martins, Alves Dias, Amândio Silva, Charters de Almeida, Eduardo Nery, Flávia Monsaraz, Gisella Santi, Helena Lapas, Isabel Laginhas, João Abel Manta, Júlio Pomar, Margarida Reis, Maria Isabel Barreno, Mário Dionísio, Paula Rego e Teresa Segurado Pavão.

No âmbito do projeto curatorial da exposição, e na senda de um dos eixos estruturantes da ação da Fundação Millennium bcp, foi proposto e desenvolvido um projeto educativo colaborativo com as escolas artísticas António Arroio (Lisboa) e Soares dos Reis (Porto), que decorreu durante o ano letivo 2023/2024, com alunos de 12.º ano. Ao longo da exposição, o público poderá também conhecer o trabalho de alunos do Curso de Comunicação Audiovisual – especialização cinema/vídeo e especialização fotografia. Esse trabalho foi desenvolvido na Manufactura de Tapeçarias de Portalegre onde os alunos estudaram e captaram os espaços, as matérias-primas, as pessoas, o longo e complexo processo de produção das tapeçarias descortinando um lado menos visível da misteriosa e complexa arte de tecer. A exposição termina com uma mostra de trabalhos produzidos por alunos do Curso de Produção Artística – especialização têxteis que responderam ao desafio de criar objetos em diálogo com as tapeçarias de Portalegre da Coleção Millennium bcp. A seleção apresentada tem como propósito vislumbrar possíveis rumos para a arte têxtil em Portugal, sublinhando o contributo destas duas escolas artísticas para a valorização e a vitalidade da tapeçaria.

António Monteiro, Presidente da Fundação Millennium bcp, salienta: “É com grande expectativa que anunciamos a exposição “Não vá o diabo tecê-las! A Tapeçaria em Diálogo a partir da Coleção Millennium bcp”. Esta mostra leva-nos numa viagem pela tapeçaria contemporânea em Portugal desde 1946, até à atualidade. As obras em exibição traduzem o diálogo entre o artesanal e o conceptual, expressando, através dos fios e tramas, a profundidade das emoções e as complexidades da vida contemporânea. Convidamos o público a mergulhar neste universo textural e a descobrir a versatilidade da tapeçaria como forma de arte, apelativa e inovadora”.

A exposição pode ser visitada:
De Terça a domingo,
Das 10h às 13h
e
Das 14h às 18h

Entrada livre.
Patente até 12 de janeiro de 2025.