De 13 de dezembro de 2024 a 2 de março de 2025

Galeria Millennium bcp, no MNAC.

O conceito curatorial da exposição ENQUANTO ISSO//MEANWHILE assenta no elogio da contemplação, da pausa e da desaceleração no processo criativo. Remetendo a momentos de repouso, procrastinação e, num movimento próximo do “prefiro não fazer”, a mostra revela como esses estados de suspensão fazem parte da jornada artística. O que fica por realizar, o inacabado e os projetos que habitam apenas nos diários ganham protagonismo, sem a pressão da finalização. Aqui, o atelier é visto como um espaço de liberdade e erro, onde o tempo segue o seu ritmo próprio.

Celebra-se, quasi como manifesto ou gesto revolucionário, o lazer, o ócio e o recreio como elementos inseparáveis da criação, destacando a ação do artista nas suas suspensões, desvios e paragens.

Columbano Bordalo Pinheiro – Estudo de gatos e auto-retrato,1989. Grafite sobre arte. Coleção do Museu Nacional de Arte Contemporânea.

Ao encarar uma sociedade de consumo imediato cuja produção incessante sufoca a experimentação e o desenvolvimento criativo de ideias, a exposição propõe uma alternativa, onde o repouso reina. Dentro deste contexto, o ato de não fazer, e de permitir que o inacabado flua, adquire uma dimensão poética no decurso artístico.

É a partir desta relação livre com o tempo, que o significado do processo é reformulado, dando destaque à importância da contemplação naquilo que, por vezes, escapa ao olho desatento ou se perde na sombra do quotidiano.

Abel Salazar – Cena de interior, séc. XX. Óleo sobre tela. Coleção Millennium bcp.

ENQUANTO ISSO//MEANWHILE decorre da investigação realizada pelas alunas do Curso de Mestrado em Estudos Curatoriais do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, em residência curatorial no Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC), no âmbito da parceria que inclui ainda a Plataforma UmbigoLAB e a Fundação Millennium bcp, colocando em diálogo um conjunto de obras destas coleções, e incluindo a produção de artistas representados na Plataforma online, equacionando o museu como um laboratório vivo e especulativo.

A exposição “Enquanto Isso / Meanwhile“ estará patente entre:
• 13 de dezembro de 2024
e
• 2 de março de 2025
Na Galeria Millennium bcp, no MNAC.

Artur Loureiro – O Repouso da Artista,1882. Óleo sobre tela. Coleção do Museu Nacional de Arte Contemporânea.

FUNDAÇÃO MILLENNIUM bcp

A Fundação Millennium bcp recebeu uma Medalha de Mérito Cultural em 2015, atribuída pelo Presidente da República e é Membro-honorário da Ordem do Infante D. Henrique, desde 2018. Inserida no contexto das políticas de solidariedade social e de mecenato cultural institucional, define-se como agente de criação de valor na sociedade. Das diversas áreas da sua intervenção, destacam-se a recuperação de património, o apoio à arquitetura e às artes visuais, à música e à solidariedade social.

Nesse sentido, procura apoiar várias iniciativas que alinhem com os valores do Millennium bcp e simultaneamente satisfaçam algumas das principais necessidades identificadas nestas três áreas de atuação – Cultura, Ciência e Conhecimento e Solidariedade Social – em Portugal e noutros países onde o Millennium bcp desenvolve a sua atividade.

A relação mecenática da Fundação Millennium bcp com o Museu Nacional Arte Contemporânea (MNAC) atingiu um novo patamar com a abertura da nova Galeria Millennium bcp, no dia 21 de junho de 2021, neste museu nacional.

Numa relação única e inédita em Portugal, recuperando um espaço até então degradado, a Fundação Millennium bcp dotou o museu de uma nova ala, aumentando o seu espaço expositivo e contribuindo para a reafirmação pública do museu na contemporaneidade.

Partindo do diálogo entre as coleções do MNAC e do Millennium bcp, e de outras coleções nacionais e internacionais, públicas e privadas, este novo espaço assume-se como laboratório. A programação, da responsabilidade do MNAC, apresenta curadorias internas e/ou de curadores convidados, e conta sempre com o mecenato da Fundação Millennium bcp.

MUSEU NACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA

O Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) com a sua missão definida na sua criação, em 1911 e reafirmada na sua reabertura em 1994, com pressupostos relativos ao estudo das coleções e a sua ampliação ao contemporâneo, continua a investigar e divulgar a história e a criação artística portuguesa de 1850 à atualidade, potenciando o conhecimento dos contextos de criação, e ampliando as relações entre arte, história, pensamento, ciência e vida quotidiana.

Na sua atividade, o MNAC procura criar condições para o diálogo entre a sua e outras coleções, públicas e privadas, nacionais e internacionais, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do panorama artístico nacional e para a internacionalização da arte portuguesa no espectro temporal do museu e nas várias áreas de expressão artística das obras na sua coleção.

Com uma programação expositiva em estreita relação com a programação do Serviço Educativo, o Museu visa chegar a diversos públicos, de diferentes faixas etárias e distintos níveis de literacia artística, constituindo-se como um espaço de conhecimento e reflexão do nosso passado artístico oitocentista e novecentista, mas também de acolhimento crítico das propostas artísticas contemporâneas, e assumindo assim plenamente a sua coleção e a missão com que a República o constituiu.

COLÉGIO DAS ARTES

O Colégio das Artes é uma unidade orgânica da Universidade de Coimbra que opera no campo da arte contemporânea, na sua relação com a arquitetura, o cinema, a curadoria e as artes performativas, numa ótica transdisciplinar. Com uma perspetiva transversal aos vários domínios do saber que têm vindo a dedicar-se ao estudo e à produção artísticas, o Colégio das Artes situa-se na confluência entre a investigação científica, a produção de saber e a própria criação, numa perspetiva de retroprospeção, isto é, perspetivando o presente e o futuro das práticas artísticas a partir de um conhecimento da sua história, das questões estéticas e da reflexão teórica e crítica que suscitaram.O Colégio das Artes procura constituir-se como uma instituição que, operando na área do conhecimento sobre as práticas artísticas, a sua investigação e mesmo a sua prática criativa, desenvolve várias formas de ensino, formação e investigação numa estrutura funcional multifacetada.

LABORATÓRIO DE CURADORIA

O Laboratório de Curadoria, afeto ao Mestrado em Estudos Curatoriais do Colégio das Artes, é um espaço ensaístico para a prática curatorial em contexto formativo. Tendo como premissas primeiras a experimentação e o questionamento, opera segundo dinâmicas metodológicas de ação e participação. Nele são concebidos e desenvolvidos projetos que investigam e exploram o conceito de situ-ação, em que o contacto direto dos vários agentes potencia um processo colaborativo e coletivo.

Juntos, artistas convidados, alunos, docentes e comunidades várias, ensaiam pedagogias ativas assentes na dinâmica problem-oriented, project-based learning expandindo, em simultâneo, o entendimento do espaço expositivo e da própria sala de aula. Da intersecção de ambos, nasce o Laboratório e deste, emerge uma zona de contacto, um território híbrido que se edifica no interstício entre as práticas artísticas e curatoriais e a educação.A par de uma formação teórica, os alunos encontram no Laboratório uma possibilidade de testagem, de resolução de problemas e de implementação de projetos que articulam vários saberes e linguagens.